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Te disseram pra ser magra

  • Foto do escritor: gritaprojeto
    gritaprojeto
  • 2 de jul. de 2021
  • 2 min de leitura

por Beatriz Rodrigues


Te disseram pra ser magra. Mas não magra demais, pelo amor de Deus. Tenha curvas. Mas nem tanto, assim não é bonito, está gorda. Gordo = feio. E você não quer ser feia, né? Que tal uma dieta? Seu rosto é tão bonito... tem que valorizar.


Isso, corpo de revista. Não, não tem problema que você tenha distúrbios alimentares pra tentar entrar no “corpo de revista”... desde que ninguém saiba disso, tá? Então, sorria! Mulher bonita é mulher feliz. Ou pelo menos que aparenta ser feliz. É tudo sobre a aparência.


Estrias? Celulite? Espinhas? Manchas na pele? Pode até ter, mas não pode mostrar... é feio. Nojento. Você não se cuida? Mulher tem que se cuidar!


Sempre trataram a beleza como nossa maior conquista. Somos reduzidas à nossa imagem e julgadas constantemente a partir dela. Mulher tem que ser bela, tem que ser agradável aos olhos. Como você é linda... mas só se for maquiada, depilada, enfiada em uma cinta, bronzeada (mas branca) – de preferência com marquinha de biquíni para ficar mais sexy. Como você é linda!


Por que é tão difícil se sentir adequada?


Porque a sociedade machista definiu o que é certo, o que é belo, o que deve ser perseguido, custe o que custar, e estampa esses padrões em capas de revista, em filmes, séries e novelas. Desde a infância somos bombardeadas com cobranças, muitas vezes sutis, a partir de comentários sobre a nossa aparência (e como adoram comentar sobre ela!), imagens de “corpos ideais”, propagandas de cosméticos que prometem acabar com todos os nossos “problemas”. Problemas que o próprio patriarcado cria e nos convence de que devem ser consertados.


Assim, nos convencemos de que estamos sempre erradas de alguma forma. Que algo no nosso corpo deve ser mudado. Que é necessário ser a mais bonita, a mais bem vestida (dentro do padrão, ai de nós se queremos ter nosso próprio estilo), a mais agradável aos olhos alheios.


Por isso, precisamos falar sobre autoaceitação. É sobre clamar pela nossa autoestima, pelo nosso poder de fazer escolhas conscientes sobre nossa própria imagem, pela urgência de acabar com a pressão estética que recai sobre nós. É falar sobre gordofobia, racismo, distúrbios alimentares, e muitas outras coisas. É profundo e muitas vezes doloroso, mas necessário.


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